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Editorial

Editorial Agosto 2012


De vez em quando Deus me veste de herói

Quando agosto vai chegando, sei que a vida está finalizando alguns ciclos comigo. E dizem os astrólogos que três meses antes do nosso aniversário inicia-se o inferno astral. É a maneira como o Universo tenta equilibrar nossa energia e muitas vezes isso significa trazer algumas mudanças para que não fiquemos com a carga de atos negativos alta demais. Final de história: cobrança de karmas!
Em junho, no início do ciclo, tomei algumas decisões importantes para mim e que se refletiriam em muita gente, mas era o que precisava ser feito e foi. O equilíbrio entre o que precisamos para nosso bem estar e o quanto podemos doar também tem de ser avaliado.
Li um artigo falando que alguns estudos comprovaram que pessoas que ajudam muito os outros sofrem uma carga emocional e energética maior do que as outras que se dedicam mais a si mesmas e sua própria felicidade. É claro que se pensarmos em uma Madre Teresa, vendo o sofrimento inimaginável que ela presenciava dia após dia, há que se ter um peso na mente da pessoa. Mesmo ela, não foi possível ficar indiferente, tanto que passou por um problema cardíaco [1], mas é uma escolha.
Enquanto eu avaliava o peso que algumas coisas estão tendo em minha vida, também relembrava que julho me traz recordações dolorosas, pois perdi meus dois filhos nesse mês. Começo a avaliar tudo o que realizei nestes dois últimos anos. Não foi fácil a decisão de reabrir o Apoiar e passar pelo seu quase fechamento, imediatamente após a abertura, devido a uma daquelas mudanças que o destino traz, mas eu considerei que já estava com tudo em funcionamento e ia tocar enquanto desse.
Os dois anos não foram fáceis, uma vez que voltei muito diferente a presidência da entidade. Antes eu queria fazer o Apoiar funcionar a qualquer preço, afinal tantas pessoas dependiam de nós. Mas quando o câncer veio e a notícia de sua gravidade, eu fechei a Associação num piscar de olhos. As previsões médicas eram de que eu não duraria seis meses. Fechei as portas da entidade e as pessoas continuaram suas vidas bem ou mal, e eu aprendi uma lição de humildade: Deus tem outras maneiras de cuidar de seus filhos. Ele me colocou de escanteio e o mundo continuou girando, pessoas seguiram com suas vidas, afinal existe muita ajuda disponível.
Após dois anos, é hora de reavaliar e eu não estou muito satisfeita com o andamento das coisas no Apoiar. Tentei preparar alguém para o meu lugar, mas ninguém quer, é muita responsabilidade, muito problema, nenhum dinheiro, muita dedicação e pouca gente para ajudar. Eu sempre gostei da frase: Muito ajuda quem não atrapalha! Ou seja, s e você não ajudar pelo menos não atrapalhe! Porque se você não ajuda e ainda atrapalha é um peso na vida dos outros.
Enquanto avaliava meu ano passado, pensei: Às vezes Deus se confunde e me veste de herói, eu não me sinto preparada, a fantasia às vezes é grande demais, às vezes é pequena demais, eu me atrapalho, pois não entendo direito a descrição do trabalho (job description), então Deus cai na real e me tira a fantasia.
Penso que, Deus, fica sem opções porque eu realmente não encaixo no papel, fico furiosa, fico cansada, fico frustrada, Parece que não existe um senso de solidariedade e, compaixão, é para poucos, mesmo sendo tantos os que necessitam dela.
E quando fiz essa análise aprendi outra lição: se eu for esperar pessoas que querem realmente ajudar, a tarefa não vai ser cumprida; assim é preciso muito, mas muito desprendimento. Não pode haver lugar para queixa, senão você fica perdido num labirinto de desejos impossíveis de serem realizados, porque não mudamos as pessoas, podemos mudar a nós mesmos, e inspirar outros, mas a escolha é deles. E uma conclusão: ajudar as pessoas é um trabalho muito solitário.
E conforme pensava ia me lembrando que os super-heróis, na sua maioria, usam um disfarce para não serem reconhecidos, eles ficam escondidos no anonimato, fazem o bem sem esperar nada em troca, pois é um trabalho solitário mesmo. Bom, Batman tinha o Robin e Alfred, o mordomo, mas no geral ele preferia voar sozinho.
E percebi que é difícil usar esse disfarce, é difícil fazer o que faço, é difícil conviver com pessoas com objetivos egoístas, mas é difícil também não fazer o que faço, porque atrás de tudo existem grandes gratificações para o espírito, afinal é tudo que vou levar daqui.
Percebi que não é que deixei de amar o Apoiar, mas deixei de amar o que estava acontecendo aqui dentro, como o trabalho estava sendo direcionado, como interesses particulares estavam se sobrepondo aos objetivos por mim almejados.
Então é hora de passar minha vida a limpo, deixar o velho para trás e renascer. Este mês eu celebro mais um aninho e estou renovando não só a idade, mas todo o Apoiar. Estamos renovando as pessoas, a decoração, os projetos.
Uma das coisas mais importantes que já está acontecendo é que estamos usando a técnica EFT nas reuniões e os resultados têm sido impressionantes. Mesmo em grupos de cinco pessoas todas sentem algum tipo de benefício.
Estamos iniciando um grupo baseado no trabalho de Judith Beck e de seu livro Pense Magro, que terá a participação de uma nutricionista e uma psicóloga, juntando assim duas abordagens importantes para lidar com um problema que vem destruindo a saúde de milhões de pessoas no mundo inteiro a obesidade e suas doenças secundárias.
Este mês também faço meu primeiro workshop sobre EFT abordando temas como ansiedade e prosperidade financeira e profissional, espero que as pessoas que aprenderem possam ser multiplicadoras desta técnica que, hoje, eu digo ser a coisa mais importante que aprendi.
Por um momento pensei em me despir da fantasia que Deus me deu de Presidente do Apoiar. Mas, mesmo que ela esteja grande demais e eu ache que Ele precisaria de alguém maior no cargo, sei que se eu abandoná-la a fantasia vai ficar no chão porque ninguém quer pegá-la. Temos alguns meses pela frente e nesse ínterim muita coisa pode mudar.
Enquanto isto eu celebro a benção da vida, a oportunidade de servir, o desejo de aprender, a chance de dividir, e a oportunidade de inspirar pessoas a serem mais felizes: Obrigada Senhor por mais este ano!

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