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Editorial

Editorial Fevereiro 2011


Antes da iluminação, cortar lenha e carregar água.
Depois da iluminação, cortar lenha e carregar água."

Esse é um provérbio Zen, nos alertando de que a iluminação que tanto buscamos e nos levará à paz não irá trazer grandes mudanças na nossa rotina, que teremos de continuar nossas atividades diárias. A diferença é como realizaremos essas atividades.

Muitos de nós vivemos vidas vazias, sempre algo faltando, nunca estamos com disposição para mudar, para seguir um caminho com menos ilusões, mais desprendiento para que possamos alcançar um estado mental propício ao trabalho da iluminação.

Corremos tanto que, ao final do dia, o cansaço é tão intenso que mal temos tempo para parar e fazer uma meditação.

Adoecemos, o corpo e a mente!

As ilusões, avassaladoras, nos fazem sonhar com algo que está sempre distante. Perdemos o sentido e a noção de quem somos ou para onde estamos indo. De repente você cai morto, e se tiver outra vida, como será o acordar? Doloroso, certamente.

Eu venho tendo algumas experiências interessantes desde que pude fazer dois cursos na Europa e trouxe dois trabalhos inovadores para o Brasil: um tratamento para pessoas com câncer e a acupuntura sem agulhas, em que se usa a neurolinguística para fazer libertações de medos, traumas, etc. Veja mais no artigo da página 6.

Esta semana uma paciente minha falou que queria fazer Terapia de Vidas Passadas. Ela é uma pessoa incrível, estudiosa, que está realmente procurando um caminho que a ajude na sua evolução espiritual. Mas, como a maioria das pessoas, quer um atalho!

Fiz até um curso com Brian Weiss, no centro de Edgar Cayce, nos Estados Unidos. Achei a experiência interessante, mas coisas veem à nossa mente que não sabemos se são verdades ou não. Podemos ficar impressionados. Contei a ela que em uma das sessões, o que visualizei foi que um dos filhos que perdi nesta vida havia suicidado em outra vida. E você se pergunta: – Como esta experiência pode ter me ajudado? Ficar com a lembrança, que pode ser verdadeira ou não, de que houve uma perda de maneira tão trágica? Seria este mesmo o caminho? Não diminuiu em nada a dor da perda! A gente não está dando conta de lidar com as experiências no nosso dia a dia, como trazer outros conflitos para nossa vida já tão atribulada?

Existe um pesquisador que admiro muito, Raymond Moody. Ele fez diversas pesquisas sobre experiências após a morte e também defende a Terapia de Vidas Passadas, no entanto, ele diz o seguinte: – Nós não sabemos se essas experiências são verdadeiras ou não; o que sabemos é que ajudam certas pessoas a lidar com conflitos que a terapia convencional não conseguiu. Se a mente cria uma fantasia para se libertar de um trauma e ele é liberado, qual o problema?

Hoje existem muitas terapias disponíveis para o tratamento de nossos males físicos e mentais. Recorrer à terapia de vidas passadas, na minha opinião, deveria ser um dos nossos últimos recursos. Muitas pessoas dizem: – Mas já fiz anos de terapia, sem ajudar nada. Sim, é verdade, a terapia freudiana, para muitos, é uma frustração; anos descobrindo tudo que tem de errado com você, e daí? Mas temos hoje a terapia Cognitivo e Comportamental, que busca ajudar a pessoa a lidar com seus problemas a partir de agora, mudar o hoje, o ontem passou não é? O amanhã é um segredo, então o jeito é ficar no presente.

Conversando com essa paciente, eu disse a ela uma frase que saiu numa edição passada do Mente Livre: – Nós seguimos pelo caminho da iluminação gritando e chutando!

Não queremos a conquista do domínio de nossos medos ou buscar entendê-los.

Imagine que a iluminação esteja em cima de uma montanha, nós queremos o atalho, alguém que nos ponha nas costas e diga: – Não se preocupe, vou te deixar lá em cima. Mas, então, será que teremos o mérito, o direito à iluminação, uma vez que não fizemos a caminhada, não sentimos o sol queimando nossa pele (nossos desejos), os pés pisando as pedras duras do caminho (nossas ilusões sendo destruídas), não sentimos a vontade de voltar ou nos sentar à sombra de uma árvore por ser mais fácil do que prosseguir.

Como vencer a preguiça que hoje muitos chamam de depressão? Como vencer a vontade de estar no controle de tudo, que alguns confundem com ansiedade generalizada?

O que pensamos que nos é exigido para alcançarmos a iluminação?

Qual o custo da paz? Deveria ser de graça, sem qualquer sacrifício?

É tempo de acordar. Sem medo da dor, vamos seguir em frente, sem vacilar frente às nossas dificuldades, imaginando que atrás de cada uma delas existe um céu azul, um sol dourado, e que essas dificuldades são simplesmente nuvens escondendo nossa real natureza.

O primeiro passo é parar e meditar....

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